De tempos em tempos há um aumento da preocupação com a segurança de mulheres que praticam corrida. O assassinato de Ashling Murphy (*), em janeiro deste ano, provocou a mais recente onda de interesse por esse assunto, além da revolta em relação ao tema. Cerca de metade das mulheres que praticam corrida dizem que já foram assediadas durante a atividade física. A indignação das mulheres em torno desse assunto é bastante significativa. Esse cenário tem que mudar. Mas como?
Recomendações recentes e discutíveis
Historicamente, as recomendações têm focado em como as mulheres podem agir para se protegerem. Entre essas recomendações inclui não correr sozinha, não correr em certas áreas, não se vestir de certa maneira, etc. Não é surpresa que tais recomendações nem sempre sejam bem aceitas. Embora muitas vezes as recomendações sejam bem intencionadas, e, às vezes, até sensatas, é no mínimo injusto, o fato de se esperar que as mulheres estejam, na grande maioria das vezes, mais em risco e sejam mais “cuidadosas” do que os homens.
Ideias ‘novas’
O desejo de abordar a causa raiz do problema vem ganhando força. Se pudermos incentivar o bom comportamento, especialmente dos homens mais jovens (que constituem a grande maioria dos infratores), isso deveria, em teoria, diminuir a taxa de assédio além de outros comportamentos. Se pudermos encontrar um meio de fazer isso, o mundo pode ser um lugar mais seguro para a prática de corrida para todos.
Foram feitas diversas boas sugestões com as quais realmente concordamos. Entre elas estão:
· Confrontar declarações injustas/ofensivas em situações sociais
Ao argumentar ativamente amigos, colegas, etc. quando comentários misóginos (e similares) são feitos, estabelece/reforça que tal posicionamento é inaceitável.
· Correr tendo maior consideração pelas mulheres corredoras.
Na verdade, esta é uma lista de sugestões, principalmente para os homens que praticam corrida, sobre como correr de uma forma que não deixe as mulheres nervosas, por exemplo, avisar quando você está prestes a ultrapassá-las, e deixar o máximo de espaço possível ao fazê-lo.
Temos consciência de que isso não reduzirá o perigo ou o assédio. É improvável que a “minoria problemática” torne-se mais gentil. Entretanto, se uma maioria bem intencionada mantiver ou adotar estes hábitos, temos a esperança de que, de alguma forma, isso irá prevenir ou reduzir o mal-estar.
O governo e os órgãos públicos mostram tolerância zero ao assédio
O setor público e as organizações esportivas precisam promover ativamente um comportamento digno e reprimir qualquer forma de assédio. Como disse o Diretor de Desenvolvimento da UKA, Mark Munro: “Devemos permanecer juntos e ter tolerância zero em relação a qualquer comportamento desse tipo, além disso, temos que garantir que qualquer pessoa se sinta confortável e tenha o direito de praticar exercícios em público em segurança”.
Fonte: Runner 247
Tradução: Eagle Translations
(*) Ashling Murphy era uma professora primária irlandesa de 23 anos que na tarde de 12 de janeiro de 2022, foi atacada e morta enquanto corria ao longo do Grande Canal nos arredores de Tullamore, Condado de Offaly, na Irlanda. O assassinato provocou um novo debate sobre a violência contra as mulheres, e vigílias para Murphy foram realizadas em toda a Irlanda e no mundo. Um homem eslovaco de 31 anos, Jozef Puška, foi preso em 18 de janeiro e acusado de seu assassinato no dia seguinte.