WANDA AGE GROUP em Chicago 2023
Depois de dois anos seguidos disputado em Londres, em 2021 e 2022, a Maratona de Chicago, que acontece no dia 8 de outubro, será pela primeira vez palco do Abbott World Marathon Wanda Age Group Championships, campeonato mundial master, competição para corredores com 40 anos ou mais. Serão cerca de 2700 participantes de todo o mundo, que se classificaram nas principais maratonas internacionais do calendário.
O Brasil estará representado em Chicago por muitos corredores, incluindo 22 Majors. Conversamos aqui com quatro deles, para saber sobre suas expectativas para essa competição, que não é uma maratona como outra qualquer, mas sim um evento moldado para reunir num só lugar os melhores corredores do mundo nas suas faixas etárias.
O gaúcho Jacques Jochims Fernandes, de 51 anos, vai para sua segunda participação no Mundial da Wanda. Mas acredita que poderia ter sido a terceira se não fosse a pandemia. “As coisas ficaram bem difíceis de estar na primeira edição, em 2021, principalmente para efetuar os pontos necessários, pois muitas provas foram canceladas, e por aqui na Europa, onde vivo, o controle de restrição de acesso às ruas foi bem duro, o que impossibilitava de treinar.”
Chicago, além de não ser novidade para Jacques, que vai para a quinta participação na Windy City, tem um significado importante na sua história de corredor, porque foi lá, em 2005, onde estreou nos 42 km. “Foi onde tudo começou. Como um principiante nato, sofri após o km 30 onde ainda naquela época o tal do ‘muro’ se apresentava. Hoje as coisas evoluíram e dizem que ele está mais para a frente, no km 35. Com a satisfação daquele feito, que só quem já fez a maratona sabe do que estou falando, e até hoje não sei explicar direito, mesmo sofrendo, passada uma semana, me inscrevi para o ano seguinte, de 2006”, lembra ele, que depois repetiu a dose em 2015 e 2017.
Apesar de tantas participações, a deste ano tem um sabor especial, por ser a final Age Group Championships. “Nesse caminho desde 2005 já foram 50 maratonas, e Chicago teoricamente não estava nos planos para este ano, pois já estava programado um meio IronMan (70.3) para realizar em Cascais duas semanas após Chicago, mas como fui contemplado com a classificação para o Mundial, não poderia perder.”
A vaga para a prova foi obtida ainda no sistema antigo, onde durante o período de um ano, o corredor pontuava com as suas duas melhores maratonas para um somatório de pontos na sua faixa etária. “Hoje, o sistema não é mais assim, sendo agora através de um determinado tempo de classificação. Uma vez feito o tempo, já está classificado”, explica Jacques, que tem boas recordações da edição do ano passado, disputada em Londres. “Foi uma das experiências mais bacanas que vivi na corrida, mais precisamente na largada. Temos um reconhecimento por estarmos na final do mundial e assim temos um setor separado de espera na largada. Banheiros e guarda-volumes exclusivos. A maior surpresa foi na hora da largada, quando fomos levados para junto da largada da elite. Logo atrás. Estávamos ali na hora que chamam um por um os atletas e eles entram no curral e começam a dar aqueles trotes antes do tiro de largada.”
O corredor lembra que foram apenas 8 segundos de diferença do tempo bruto para o líquido. “Fomos até chamados a atenção para não fazermos graça e tentar acelerar para correr na frente dos Top elite.”
No mais, a prova é igual para todos os corredores, a não ser a medalha extra recebida ao final e o bib number específico do campeonato, além de uma mochila.
Sobre o que pretende fazer em termos de performance em Chicago, Jacques diz que fará o que for possível para o dia. “Adoro performance, mas já aprendi que a maratona é uma distância a ser respeitada.”
Outro brasileiro que representará o Brasil em Chicago é brasiliense Fabrícius Clemens Madruga, 47 anos. Será sua 21ª maratona no currículo e a 11ª Major. Seu melhor tempo é de 2:54:20, obtido em Berlim 2019, prova que, junto com a Londres 2019 (2:56:46), ajudou a se qualificar por pontos para o Wanda Age Group.
“Essa classificação aconteceu para o 1º Wanda Age Group, que ocorreria em Londres 2020 e foi adiado para 2021, mas por conta da pandemia e restrições de entrada em alguns países eles deram a opção dos atletas jogarem a inscrição para o 3º ano, tendo em vista que para o 2º já estava fechado”, explica Fabrícius, que acredita que terá uma experiência diferente de qualquer outra maratona.
“O fato de ter um kit diferente, uma medalha especial, uma tenda e acesso exclusivo na largada e na chegada, tudo isso é muito bacana, mas a sensação de ter conquistado essa vaga tão restrita é o que faz ser mais especial. É mais ou menos quando se conquista o índice para a maratona de Boston.”
Sem preparação específica para a prova, ele demorou para decidir se iria ou não. “Decidi apenas um mês e meio antes da prova e apenas por ser o evento da Wanda Age Group. Por conta disso, não tenho nenhum grande objetivo, apenas terminar mesmo.”
Radicado em Key
Key Biscayne, na Flórida, há 17 anos, o paulista Marcos Tilkian, de 49 anos, também é experiente em maratona e vai para sua 23a maratona e 13a Major. Ele recebeu a mandala das seis Majors em Tóquio 2023 e junto com sonhada medalha veio também o convite para participar do Mundial.
“Foi uma surpresa total. Não estou nem perto do tempo para qualificar”, conta Marcos, que tem 3:11:22 como seu melhor tempo de maratona, feito em Berlim 2022.
“Quando eu corri Toquio 23, eu já estava registrado para Chicago.
É um evento diferente de uma maratona normal, porque é um mundial. Se seguir os outros eventos, tem algumas coisas diferentes, como número na frente e nas costas, medalha específica, além da medalha de Chicago, festa no final e outras coisas”, destaca Marcos, que acredita que talvez tenha recebido o convite por já estar inscrito.
“Imagino que este ano, o nível dos corredores será mais alto que nos anos anteriores. Minha preparação foi curta e com um volume de corrida mais baixo que as outras. Mas me sinto bem e sem nenhum desconforto ou lesão, o que é raro!
A ideia é garantir Boston 2025”, já que Boston 2024 já está garantida.”
Também de Brasília, a corredora Íris Maria de Oliveira Formiga, de 44 anos, tem 33 maratonas na bagagem e terminou as Six Majors no ano passado em Londres, onde conseguiu seu melhor tempo nos 42 km, com 3:28. A vaga para o Wanda Age Group veio com os resultados de Londres e Big Sur, na Califórnia, e com surpresa.
“Eu nem sabia o que era o Wanda. Mais uma vez fui salva pelos conhecimentos da Verinha (rs), que sabe absolutamente tudo sobre o mundo das maratonas”, lembra a corredora, que também já tinha sua inscrição garantida para Chicago, por índice.
“Imagino que deva ser muito especial. Eu gostaria que fosse um evento mais de celebração do que competitivo. Quero poder curtir sem me cobrar desempenho. Até porque acabei de correr Berlim e ainda estou cansada”, alerta Íris, que iniciou um planejamento direcionado para Berlim e Chicago, duas provas com intervalo muito curto entre elas. “Algumas lesões e imprevistos familiares dificultaram muito as últimas semanas de treino. Meu objetivo agora passou a ser completar a prova e curtir cada pedaço do percurso e a festa!”