Nascido em Vitória da Conquista, na Bahia, RAFAEL PORTO SILVA tem 35 anos e é Administrador de Empresas e Representante Comercial. Casado com Ana Paula e pai de Davi, o maratonista conta aqui sua trajetória em busca das Majors e sua paixão à primeira vista pela distância da maratona.

“Comecei a correr em 2010 e, durante estes 11 anos, tive a felicidade de fazer 18 maratonas, entre elas 6 Majors na seguinte sequência: Chicago 2014, Nova York 2015, Boston 2016, Berlim 2016, Tóquio 2018 e Londres 2019. Antes de começar a correr, praticava mountain bike, esporte que não gosto de praticar só por conta dos riscos de assalto, acidentes e imprevistos. Como na minha cidade o inverno é rigoroso, nesta época não encontrava parceiros para pedalar. O jeito foi mudar para um esporte ‘individual’, a corrida de rua. Chegou a ser um programa familiar, já que minha irmã e meu pai também começaram a correr.

Minha primeira corrida oficial foi a convite do cliente e amigo Márcio Cardoso, de Jequié, que realizava anualmente a Corrida e Caminhada Solidária do Supermercado Cardoso. Foi paixão à primeira prova. Fiz 10 km, mas fiquei com a sensação que podia mais. Parti para os 21 km e continuei com a mesma sensação.

Estava com viagem marcada para Belo Horizonte para visitar a família de minha esposa e, olhando se teria alguma prova neste período, descubro a 1ª Maratona de Linha Verde. Não tive muito tempo para treinar, mas encarei. Meu maior receio era depois dos 35 km, maior quilometragem que tinha corrida até então. Impressionante! Depois deste ponto, meu corpo doeu demais, mas valeu à pena cruzar aquela linha de chegada (04:03:14). Virei maratonista. Ao invés de aumentar a distância como ocorreu em outras corridas, passei a querer baixar meu tempo nos 42 km.

Depois disso veio Buenos Aires, Santiago, São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro (corri com meu pai de ponta a ponta) e aí veio minha primeira Major, a Maratona de Chicago em 2014, meu presente do Dias da Criança. A atmosfera de uma Major é especial – cidade, expo, kit e tudo mais – e pensei ‘vou completar a mandala’.

Na Maratona do Rio, terminando com o pai

Um grande incentivador foi o amigo querido Miguel Dantas, que me contava suas histórias, conquistas e façanhas. Foi também um motivador. Depois veio Paris, Nova York, Boston e Berlim. Esta última foi especial. Fiz meu primeiro Sub 3h (02:59:07) e veio aquela sensação: ‘Será que vou completar as Six Majors?’ Sabia que acesso a Tóquio e Londres eram complexos.

Em seguida, veio Barcelona, Rio de Janeiro e Tóquio. Esta acho que gastei minha sorte. Lembro como se fosse ontem. Acordo às 6h da manhã do dia 25 de setembro de 2017, numa segunda-feira, abro meu e-mail pelo celular e lá está a tão sonhada e desejada mensagem que fui selecionado pra correr na Terra do Sol Nascente. Que alegria. No período de preparação, recebo a notícia que vou ser pai, alegria maior ainda. Médico libera a esposa para fazer esta viagem tão cansativa e com muita garra consigo realizar meu segundo Sub 3h (02:59:11) para homenagear Davi, que estava a caminho.”

Na sequência fiz Porto Alegre e depois a maior loucura que fiz na minha vida como corredor, a doação integral para a Maratona de Londres 2019. Mas valeu demais. Primeiro em saber para onde foi este recurso e enfim por realizar o sonho de conquistar a mandala, sonho que tive a oportunidade de realizar junto com minha esposa em todas as Majors e a última com Davi me esperando na linha e chegada. Melhor, impossível.

Ainda em 2019, fiz Florianópolis (cruzei a linha de chegada com Davi no colo) e em 2020 tive a felicidade de fazer a Maratona de Miami e de quebra baixar meu tempo, com 2:57:46. Na véspera fiz a Tropical 5k com minha mãe.  E logo veio a pandemia.

Recorde pessoal na Maratona de Miami 2020 e Tropical 5k na véspera com a mãe

Detalhe, já fiz a ‘Maratona de São Silvestre’ também (risos).

Continuo fazendo meus treinos. Gosto de ir bem cedo. Nesse momento organizo as ideias, converso com Deus e ainda ganho endorfina para começar o dia a todo vapor. Tenho realizado algumas provas virtuais (máximo 21 km), acreditando que logo tudo isso passará.

A corrida para mim é um espelho da vida. Precisa de planejamento, treinamento, organização, execução e resultado. Temos que saber lidar com altos e baixos. E trouxe qualidade de vida e bem-estar. E ainda conheci muita gente boa (galera do Baldão, DS Trainer, HF Treinamentos Esportivos e tantos outros).

Chegada com o filho na Maratona de Floripa. E os amigos da corrida

Fernanda Paradizo
Repórter e Fotógrafa Oficial